Diz que é lei… mas não é.
A chamada “lei da vantagem” é apenas uma das muitas premissas previstas na Lei 12, que fala sobre faltas e incorreções.
Baseia-se na ideia que o árbitro deve abster-se de punir uma infração se a bola seguir para a equipa lesada em situação vantajosa.
Não se trata apenas de mera posse de bola. Trata-se de permitir que o jogo prossiga se isso for mais benéfico para a equipa que sofreu a infração… ou de o interromper e sancionar a infração, se não for.
Para aplicar de forma sensata e equilibrada a lei da vantagem, o árbitro deve ter em consideração as seguintes circunstâncias:
1) A gravidade da infração:
Se a infração implicar uma expulsão (ou segundo amarelo), o árbitro deve interromper o jogo de imediato e expulsar o jogador, a menos que exista uma iminente oportunidade de marcar um golo;
2) O local em que a infração foi cometida:
Quanto mais próximo da baliza adversária, mais a vantagem poderá ser proveitosa. Quanto mais recuada no terreno, maior perigo da equipa perder a posse de bola em zona defensiva (mais vale assinalar a falta);
3) A oportunidade imediata de um ataque perigoso contra a baliza adversária:
A bola foi para a frente? Há vários jogadores capazes de prosseguir a jogada sem perderem a bola? A equipa fica em vantagem se o jogo não for interrompido?
4) O ambiente em que o jogo decorre:
O jogo está quente? A continuação da jogada pode ser um “convite” à violência ou favorece claramente a equipa que sofreu a falta? Ou assinalar a infração, interrompendo a partida, não será a opção mais sensata, face à impetuosidade dos jogadores?
Tudo isto deve ser equacionado. Deixar jogar é um ato de coragem que implica bom senso e lucidez. Perfeita leitura de jogo.
Também é preciso ter em conta que, nos dias de hoje, as equipas têm excelentes executantes de bolas paradas e muitas vezes preferem o pontapé livre junto à área (sobretudo em zona frontal) do que uma posse de bola, ainda que em zona atacante e privilegiada.
O segredo de um bom árbitro é saber ler todos estes sinais e agir em função do que for melhor, em cada momento.