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O PRÉ-JOGO…

O PRÉ-JOGO…

O que fazem os árbitros quando chegam aos estádios? O que acontece nos momentos anteriores ao apito inicial? Há regras, protocolos a seguir ou apenas uma mera contagem decrescente até ao início da partida?

Já alguma vez pensaram nisso?

Permitam-me que partilhe convosco o que realmente acontece…

Imaginemos um jogo de Primeira Liga. Futebol profissional.

O árbitro e a sua equipa (dois árbitros assistentes e um 4º Árbitro) chegam às instalações desportivas cerca de duas horas antes do início da partida.

O VAR pode chegar à Cidade do Futebol (sede da FPF, em Oeiras) ligeiramente mais tarde.

No estádio, são recebidos, sempre, pelos Delegados da Liga nomeados para aquela partida e por outros elementos geralmente afetos à equipa visitada: Diretor de Campo, Diretor Desportivo, por exemplo…

Depois dos cumprimentos de circunstância, dirigem-se de imediato aos balneários, onde encetam a sua preparação: retiram equipamentos e calçado das malas, colocam a pasta com documentação sobre a secretária, fazem um primeiro teste ao sistema de comunicação e às bandeirolas-bip, etc, etc…

O passo seguinte é ir ao relvado.

Não para um passeio de circunstância, mas para uma verificação oficial das condições do terreno e balizas: inspecionam as redes, as marcações das linhas, as bandeiras de canto e dimensão das áreas, a marca de penálti e os bancos técnicos, o placard eletrónico (de substituições) e a iluminação artificial (se for caso disso). Aproveitam a oportunidade para testar a comunicação à distância e, nalguns casos, para colocarem os pins, delimitando logo ali a zona do terreno onde farão o seu aquecimento inicial (sempre respeitando o espaço previsto para as duas equipas).

De regresso ao balneário, vestem o equipamento para o aquecimento (sempre igual entre si – são uma verdadeira equipa) e pouco depois vão à reunião de segurança, organizada e liderada pelos Delegados da Liga. Nessa estão presentes, além de elementos oficiais das duas equipas, também as forças de segurança, as equipas médicas/emergência e todas as pessoas que possam apoiar, direta ou indiretamente, a organização do jogo.

A questão da segurança, bem como as questões relativas a procedimentos/comportamentos dos intervenientes é um dos assuntos tratados e fica desde logo clarificado.

Cerca de 35 a 30m antes da hora do início do jogo, a equipa de arbitragem efetua o aquecimento no relvado (durante cerca de 18/20m) e regressa depois ao balneário, onde tem cerca de cinco/sete minutos para preparar a saída final rumo ao túnel de acesso.

Aproveitam esses momentos de equipa para o jogo (a cor das suas camisolas está definida desde o momento em que foram nomeados), confirmam se não esquecem nada (cartões, cronómetros, bloco de notas, apito, spray para as barreiras, moeda, caneta, bandeirolas, sistema áudio…) e desejam boa sorte uns aos outros.

Tal como acontece com as equipas, há ali um ou dois minutos de silêncio, de cumplicidade máxima, de concentração… de fé. Todos querem que tudo corra bem. Todos sem exceção.

Seguem-se os cumprimentos da praxe, gestos divertidos de incentivo e lá vão eles.

No túnel, encontram jogadores e equipas técnicas (tantas vezes os mesmos que dirigiram noutros jogos). Todos focados, com atitude profissional e comportamento de campeões.

Só sentindo.

Há ali um último protocolo a cumprir-se: uma inspeção final aos equipamentos (é proibido o uso de joias ou de fitas nas meias que desvirtuem a cor principal) e às botas.

Nada é deixado ao acaso.

Posto isso, as equipas fazem uma fila lado a lado – com os respetivos capitães a liderarem as suas comitivas – e entram em campo, logo atrás do trio de arbitragem. O 4º Árbitro não participa nessa entrada, segue no fim de todos, diretamente para o seu local de trabalho.

Aí e só aí “começa o jogo” que toda a gente vê. Quase duas horas depois de ter começado o jogo que ninguém viu.

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