No Burundi – pequeno país da África Oriental – o presidente Pierre Nkurunziza, antigo professor de Educação Física, costuma participar em jogos de futebol da equipa que detém, o Hallelujah FC (em português, Aleluia).
O nome deve-se à religião do chefe de estado, que antes de cada partida promove sessões de oração com os restantes jogadores, geralmente homens da sua confiança.
No passado dia 1 de Março, o Aleluia defrontou uma equipa congolesa, composta por alguns refugiados.
Ao contrário do que é habitual (os adversários serem mais brandos), desta vez os congoleses foram durinhos e não se pouparam a esforços.
Nkurunziza foi derrubado várias vezes e não gostou.
Segundo notícias avançadas pela France Presse e hoje veiculadas no jornal A Bola, o líder burundês mandou prender dois dirigentes do Kiremba, clube adversário, por crime de… conspiração contra o chefe de Estado.
Ao que consta, o árbitro da partida e seus assistentes escaparam à fúria presidencial.
Já agora e só para enquadrar…
Pierre Nkurunziza tem 54 anos, é casado e tem cinco filhos. Assumiu a presidência do país em 2005.
É líder do CNDD-FDD, hoje maior partido político do Burundi mas em tempos grupo rebelde de etnia “hutu”.
O seu regime tem sido frequentemente acusado de liderança autocrática e o governo de vários atos de corrupção.
O país (o segundo mais pobre do mundo) está a viver momentos conturbados, devido à vontade de Nkurunziza querer candidatar-se a um terceiro mandato consecutivo, quando a Constituição só permite dois.
O Tribunal Constitucional dá razão ao líder burundês, dizendo que o primeiro mandato não contou, porque a eleição foi via parlamento e não através de votantes (!).
Houve vários protestos públicos e algumas mortes suspeitas, alegadamente a mando do atual presidente.
A Agência de Refugiados das Nações Unidas refere que, nos últimos tempos, mais de 100.000 pessoas fugiram para países vizinhos, de forma a escaparem à violência.
Quando pensamos que já vimos tudo…