O futebol tem várias particularidades. Uma delas, porventura a mais clássica, é a orientação para o resultado. Não é apenas coisa cá do burgo. Com mais ou menos emoção, com maior ou menor tolerância, é algo que acontece um pouco por todo o lado. Percebe-se. Afinal de contas, qual é o maior objetivo do jogo? Ganhar. Ganhar sempre.
Talvez por isso, o cargo de treinador é dos mais injustiçados que há no mundo da bola. São os primeiros sacrificados quando as vitórias não aparecem. Essa decisão, tantas e tantas vezes injusta para o homem e para o profissional, não coloca em causa a sua competência ou honestidade, mas a sua incapacidade momentânea de conduzir um conjunto de homens a produzir o que seria esperado, em determinado contexto.
Na arbitragem as coisas não são bem assim mas também não são muito diferentes.
O treinador dos árbitros é, digamos, o seu presidente. E a restante equipa técnica, o staff de apoio… o Conselho de Arbitragem.
Se é um facto (felizmente!!) que o cargo, resultante de uma eleição, não pressupõe despedimentos a meio da época, também não deixa de ser verdade que são os resultados que determinam a forma como os outros o escrutinam e avaliam.
Não estamos a falar de resultados do seu trabalho, do seu mérito ou competência diária. Nem estamos a falar da forma como planeia uma época, gere um plantel ou lida com a pressão diária de um cargo tremendamente exigente.
Estamos apenas a falar dos resultados dos seus “jogadores”: dos penáltis que ficam por assinalar ou das expulsões que ficam por fazer.
Ao contrário da esmagadora maioria dos treinadores, o Presidente de um Conselho de Arbitragem não escolhe o seu plantel. Não propõe a renovação dos mais aptos, não sugere a contração dos mais promissores nem recomenda a rescisão dos menos competentes.
Ele herda o plantel. O plantel que existe, o plantel possível. O plantel que há. Melhor ou pior, mais ou menos capaz, mais ou menos experiente.
O que tem que fazer depois é trabalhá-los. É proporcionar-lhes condições, acompanhamento e tranquilidade.
O atual Conselho de Arbitragem tem um total de 450 árbitros (profissional e não profissional, futsal, futebol feminino e futebol de praia). Tem ainda 130 observadores, 30 técnicos e vários funcionários. São mais de 600 pessoas para gerir.
Em cada época, prepara e leciona cerca de 30 cursos, 40 provas físicas e escritas e dezenas de estágios, reuniões e formações.
Liderar uma equipa destas, com tanta exposicão e exigência, nao é fácil. Acreditem.
Os resultados desportivos dos seus mais mediáticos atletas não têm sido fantásticos. Verdade. Há erros que não se esperam num corpo de elite.
Mas a liderança está atenta, tem atuado e feito tudo o que está ao seu alcance para minorar os danos. Este plantel vai crescer e melhorar.