Numa jornada recente, assistimos a situações de jogo diferentes, em que dois jogadores viram cartões amarelos na sequência de um lance que, depois, viria a ser anulado por intervenção do Videoárbitro.
Um aconteceu no Estoril/Benfica – Allano marcou, despiu a camisola, foi advertido. O golo foi entretanto anulado e o cartão manteve-se.
O outro em Alvalade, no Sporting/Boavista – Brian Ruyz rasteirou um adversário para cortar um ataque prometedor e viu amarelo. A jogada foi depois anulada para que fosse assinalado penálti ocorrido em momento anterior. A advertência contou.
O Protocolo do Videoárbitro é muito claro quanto aos cartões que devem ser retirados e quanto aos que se devem manter, nestes casos:
– Todos os cartões que sejam exibidos por corte de ataque prometedor (amarelo) ou corte de clara possibilidade de golo (vermelho) devem ser retirados, porque essa jogada foi anulada por intervenção do VAR. É como se não tivesse existido.
Ou seja, uma vez que as infrações em si não foram negligentes, grosseiras ou violentas nem configuraram atitude antidesportiva (apenas quiserem cortar jogadas perigosas), a sanção disciplinar desaparece do cadastro.
– Todos os outros cartões devem manter-se.
Quer isto dizer que amarelos ou vermelhos exibidos por faltas cometidas com negligência, agressões, entradas com força excessiva ou comportamentos antidesportivos não são eliminados, mesmo que essa jogada tenha sido anulada pelo VAR.
O objetivo é claro: limpar a sanção disciplinar das faltas não perigosas, que apenas foram cometidas para evitar perigo para a sua baliza… e manter a sanção de todo o tipo de entradas consideradas mais perigosas, mais agressivas ou de atos mais incorretos. Nesses casos não está em causa o enquadramento da jogada mas o ato, em si, praticado pelo jogador.
No caso dos dois exemplos acima, o amarelo a Allano devia manter-se (despiu a camisola e esse ato, em si, é punivel) e o do Brian devia ter sido retirado: a sua rasteira não foi negligente nem perigosa (foi normal) e apenas visou travar o contra-ataque dos boavisteiros.
Esclarecido.