Ser árbitro de futebol é, nos dias que correm, um ato de coragem. Há quem diga até, um ato de ingénua loucura.
Apesar do apelo a uma carreira que tem tudo para ser aliciante (a perspetiva de atingir o topo e de ter remuneração apelativa é real), há ainda muitos anticorpos quanto à imagem, integridade e seriedade destes agentes desportivos.
A culpa não é apenas dos erros que cometem, iguais aqui e em todo o lado e que acontecem desde sempre. Desde que a figura do árbitro surgiu no futebol.
O problema é bem mais profundo. É da falta de formatação cultural das pessoas, da sua profunda e excessiva paixão clubística e, sobretudo, da (des)informação maciça de que todos somos causa e efeito, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo do dia.
Mas a verdade é que tornar-se árbitro pode ser uma alternativa válida para quem ama o jogo e quer fazer parte dele.
Pode ser a possibilidade real de estar em campo, de ser parte ativa do espetáculo, onde tudo acontece.
Ser árbitro é a saída lógica para os que cedo percebem que a carreira de jogador não passará de um hobbie a curto prazo.
É uma escola de virtudes: em idade de influências, de definição de rumo, não há na arbitragem um único jovem que tenha a sua vida perturbada pelo consumo de drogas ou por qualquer outro vício castrador e limitador.
Para um pai, para toda a sua familia… é ou não motivo suficiente para o incentivar a seguir esta carreira?
O apelo é também por aí. É sobretudo por aí.
Os jovens árbitros de hoje (podem começar aos 14 anos de idade) fazem atividade física diária, alimentam-se com qualidade, têm cuidados com a saúde (têm que ter, fazem exames médicos regulares).
Esses jovens criam dinâmicas de interação e socialização (trabalham em equipa) e desenvolvem um conjunto de competências pessoais e profissionais, fundamentais no seu crescimento enquanto seres humanos.
Na arbitragem, há regras e prazos para cumprir, há leis para conhecer e aplicar e há um sentimento permanente de justiça. De querer dar o melhor, mesmo sabendo que a perfeição é inalcançável.
O desafio de abraçar esta carreira não é para quem quer. É para quem pode.
É para quem tem coragem de sair da sua zona de conforto e arriscar tudo num caminho que pode ser um sucesso.
Aqui cabem todos(as) os que têm princípios e valores, independentemente do seu aspeto, dos seus credos, crenças ou religiões.
Vamos a isso?