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E COMO É QUE TREINAM?

E COMO É QUE TREINAM?

Como treinam hoje os árbitros de elite?

Para quem não sabe, fica a dica: o treino físico dos árbitros é diário, tem planeamento, entrega e muita dedicação.

Hoje em dia, chegar ao início do jogo é apenas o produto final de um trabalho de casa feito, com muita intensidade, na(s) semana(s) anterior(es).

Os árbitros terminam a sua época regular em meados de Maio e no início de Junho (apenas duas, três semanas depois) têm que retomar a sua preparação física para a época seguinte.

Essa é uma fase habitualmente muito dura (o plano de treinos é muito exigente) e começa bem mais cedo do que a dos jogadores/equipas.

As primeiras etapas dos jogos europeus, os vários jogos de preparação e as provas físicas que realizam, obrigam a que estejam fisicamente aptos, bem antes do início dos campeonatos.

É tempo de perda: perda de peso, perda de maus hábitos, perda de volume e perda de “pregas”. É tempo para queimar excessos e entregar o corpo ao trabalho.

Os árbitros de hoje são mais magros, estão em boa forma e preparados. São verdadeiros atletas com estampa de atletas verdadeiros.

São muitos os quilómetros que correm num só jogo (várias vezes ultrapassam os 10/11 Kms, sempre em ritmos alternados), o que significa que correm mais do que o jogador… que corre mais.

Além disso, têm que se manter – até ao apito final – disponíveis para a decisão, sem sinais de fadiga física ou exaustão mental. E isso dá trabalho!

Dá muito trabalho, sobretudo se tivermos em conta que os árbitros de elite têm média de idades a rondar os 34/37 anos (em condições normais, corresponde ao fim de carreira de um atleta profissional).

Durante a época, além dos treinos diários, fazem também os chamados treinos técnicos, ou seja, simulam situações de jogo, várias jogadas e deslocações e tomadas de decisão (técnicas e disciplinares).

E é aqui, no meio dessa entrega desmedida, que residem dois aspetos que devem ser melhorados, de forma a que eles possa obter mais e melhor rendimento:

⁃ Seria fundamental que fizessem esse tipo de treinos (técnico-táticos) num registo mais profissional e não no modelo atual, que é basicamente de “uns com os outros”. Era importante que trabalhassem com equipas de futebol (participando, por exemplo, em treinos de escalões jovens/seniores ou arbitrando os seus jogos-treino).
A intensidade aí seria completamente diferente e a simulação das situações de jogo muito mais eficaz e conseguida. Ganhariam eles e ganhariam os campeonatos, que teriam árbitros e árbitros assistentes mais rotinados nas suas funções específicas e melhor preparados para a (boa) decisão.

– Era também fundamental que todos os árbitros/árbitros assistentes da 1a Liga (especialmente os não profissionais) tivessem sempre relvados em boas condições.
A lógica do desenrasque ainda vai imperando a espaços, o que é inaceitável para “atletas” deste calibre, em alta competição.
Os árbitros trabalhariam com mais qualidade se não tivessem que saltar, pontualmente, de estádio para estádio, de relvado em relvado, à procura das condições ideais, com a época em curso. E assim deixariam de treinar de forma atribulada, em função da hora da rega, do tratamento da relva, da falta de luz pontual ou por qualquer outra causa anormal de condicionamento do seu trabalho. O planeamento dos treinos é crucial para o sucesso das decisões. E isso deve ser preparado com antecedência, antes do arranque e para toda a época. Tudo, obviamente, com o apoio profissional (que têm) de equipa de preparadores físicos/fisioterapeutas plenamente identificados e rotinados com a realidade do treino de arbitragem.

O trabalho que é feito nos dias de hoje é de bom nível e muito, muito melhor do que se fazia no fim do século anterior, mas pode e deve ser melhor. Porque o futebol não pára de evoluir, a exigência não pára de aumentar e o escrutínio das decisões nunca esteve tão mediatizado.

As imagens que acompanham esta crónica referem-se a um treino técnico/tático dado por um árbitro internacional (no ativo) a colegas seus, do Núcleo de Árbitros do Barreiro.

O treino, que decorreu na inauguração do Centro de Treinos do Barreiro (em Alhos Vedros) evidencia a forma profissional como todos encaram a preparação: os árbitros foram todos equipados a rigor, com apitos, cartões e bandeiras… para que a simulação da sua função fosse o mais aproximada possível com as têm que tomar em todos os seus jogos. Tal como deve e tem que ser sempre.

É importante reconhecer-se o valor destas mulheres e homens que, em horário pós-laboral, arranjam tempo e força para contrariar o cansaço e o desgaste desta função e trabalhar em prol da causa que um dia decidiram abraçar.

 

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