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O CLUBE DOS ÁRBITROS

O CLUBE DOS ÁRBITROS

Se há coisa que a esmagadora maioria dos adeptos não tolera é o facto de um árbitro de futebol poder ter simpatia por algum clube.

Há a ideia de ali haver conflito de interesses. Para muitos, é a garantia de que vai beneficiar o clube da sua simpatia. Para outros, a certeza que vai prejudicá-lo para mostrar que é sério.

Esse é um estigma errado e que resulta de uma enorme falta de confiança na idoneidade de quem dirige jogos de futebol.

Culpas repartidas. Por um lado, fruto de erros que a própria arbitragem cometeu ao não gerir melhor esta delicada situação. Por outro, culpa de toda uma máquina exterior capaz de formar opinião, lançando de forma direta ou camuflada, dúvidas sobre a integridade dos árbitros.

Não era suposto ser assim, mas por enquanto é o que temos.

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Querem ouvir a nossa verdade?

Quando começámos a carreira, já éramos gente. Gente que recolheu influências na sua juventude, que aprendeu a ter simpatias e a trilhar caminhos, que aprendeu a fazer escolhas.

Gente que adquiriu gosto por um clube, que se tornou crente numa religião ou que se filiou num partido. Gente que começou a gostar de algum tipo de músicas, de algum tipo de modas e de algum tipo de pessoas. Gente igual a tanta gente. A toda a gente.

Quando nos tornámos árbitros, há muito que éramos gente assim. Há muito que éramos pessoas.

A equação está à vista e resolve-se na mais simples das variáveis: gostos e simpatias pessoais não afetam o profissionalismo, a entrega e a honestidade de um árbitro ou de qualquer pessoa de bem. Ponto.

Se ninguém duvida que assim é com jogadores, treinadores e dirigentes – que tantas vezes dão provas do seu profissionalismo, representando clubes que não os da sua simpatia pessoal – porque não aceitar que o mesmo acontece com os árbitros?

Se todos esses os conseguem ultrapassar as suas escolhas pessoais em nome do seu brio profissional e integridade… porque motivo não podem os árbitros fazê-lo?

Na verdade, podem. E fazem-no.

Um segredo, mas prometam-me que fica só entre nós: no campo, quando estamos a arbitrar, não há nomes de clubes nem de jogadores. Não há amores nem paixões. Há cores e números. Há trabalho.

O que nós realmente queremos é que o jogo nos corra bem. Que não existam erros. Que a estratégia que preparámos seja bem sucedida.

Queremos que no final da partida todos nos cumprimentem e que ninguém fale do nosso trabalho. Queremos que ninguém nos chateie nem ali nem mais tarde, na rua, no café ou nas compras em família.

Esse é o objetivo. O único objetivo.

O resto é o que os outros dizem. Não o que nós sentimos.

Palavra de (ex) árbitro.[/expand]

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