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A semana sem bola

A semana sem bola

Como não há campeonatos a decorrer (nem lances para comentar), decidi trazer a este espaço um pouco da atualidade extra-bola.

Uma recolha de informação muito rápida pelo que se passa no mundo deixou-me profundamente deprimido. Confesso, passarei a refletir bem de cada vez que tiver que me pronunciar sobre algumas atitudes que vou vendo acontecer no nosso futebol.

Na verdade, nós não estamos mal. O planeta é que caminha, a passos largos, para sítios bem vertiginosos. Travar a loucura de uns quantos depende da coragem de muitos. Ora vejamos:

– O Presidente da China, Xi Jinping, afirmou domingo que «quem tentar atividades separatistas em qualquer lugar da China acabará com o corpo esmagado e os ossos quebrados». Esta ameaça (que surgiu na visita recente ao Nepal) tinha como destinatários diretos os manifestantes pró-democratas em Hong Kong. É assim, desta forma intocável e poderosa, que um líder diz travar quem se atrever a lutar pela sua autonomia territorial. O regime chinês de Xi Jinping, que reprime tudo o que são reivindicações e mantém ativos campos de detenção com mais de um milhão de uigures e muçulmanos, é assim. É comer e calar, porque eles são grandes e muito poderosos.

– Independentistas catalães saíram às ruas de Barcelona em protesto contra as sentenças de prisão atribuídas pelo Supremo a ex-membros da administração autónoma. Por cá, a Relação emitiu acordão em que refere que o futebol é uma espécie de exceção à ofensa e, por isso, o treinador que foi insultado, afinal, não foi. A justiça ibérica está em grande, com sinais de independência que estão à vista de todos. Uma tristeza.

– Erdogan invadiu o norte da Síria porque quer “devolver” dois milhões de sírios refugiados na Turquia. A União Europeia condenou timidamente a invasão, ameaçando cortar nas exportações de armas para Ancara. O líder turco, que tem a faca e o queijo na mão, não perdeu tempo: “Se vierem cá meter o nariz, mando os sírios em sentido contrário: para vossa casa” (leia-se Alemanha, via Grécia). E assim se cala uma Merkel e sus muchachos. Deprimentes estes jogos políticos que usam pessoas como peões.

– Bolsonaro fartou-se das guerras com a oposição e decidiu desancar no seu partido, o PSL. O mesmo que o ajudou a chegar a Presidente. As reações internas foram grandes e é provável que o líder brasileiro saia agora da força política que antes o apoiou. Se isso acontecer, irá mudar de partido… pela oitava vez. Tudo dito ou ainda precisamos de mais exames neurológicos?

– Trump – o pior Presidente da história dos EUA – continua igual a si próprio: vaidoso, narcisista, cor de laranja, vingativo, fofoqueiro e mal-educado. Um velho rico e mimado, que despede quem discorda de si, ameaça quem o põe em sentido e recorre às redes socais de forma patológica para achincalhar tudo o que é opinião contrária. Ficava bem como personagem principal do “It”, um filme de terror que tem um palhaço como protagonista. Ou não: o palhaço do filme é mais credível.

– Há ainda o “Hagibis”, um dos mais violentos tufões da história e que está a arrasar o Japão, mas que nem por isso parece merecer metade das notícias que outros – bem menores em intensidade – tiveram ao passarem por cidades norte-americanas. Estranho… ou talvez não. E, claro, há o escalar de violência doméstica no nosso país: só este ano foram assassinas trinta mulheres às mãos dos seus “parceiros” doentes. Quase que dá vergonha de ser homem, mas depois lembramo-nos: eles não são homens.

Volta, futebol português. O mundo tem coisas bem mais feias que tu… e tu ainda tens cura.

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