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Gosto. Não gosto.

Gosto. Não gosto.

Sou como o caro leitor. Há coisas de que gosto e há outras que não gosto. Faz parte da nossa natureza, acho eu.

Exemplos não faltam. Vejamos:

– Gosto da Taça de Portugal. Gosto de ver estádios desconhecidos cheios de gente conhecida. Gosto da alegria do povo, que vibra com as façanhas do seu clube e que tem orgulho genuíno na sua região. Gosto de ver o futebol chegar a todo o lado, aos quatro cantinhos do país. Gosto do brilho dos olhos de quem recebe tão bem os adversários. Gosto da ligeireza do seu humor, da simplicidade de processos, da sua simpatia e pureza.

Não gosto de atitudes altivas, arrogantes e sobranceiras. Não gosto de desculpas de mau perdedor. Não gosto de respostas prepotentes. Não gosto de adeptos saltitões, que ora aplaudem na vitória, ora enxovalham na derrota. Não gosto de gente que diz estar de um lado mas que salta para outro quando a maré muda. Não gosto dessa pequenez de caráter. Dessa hipocrisia camuflada. Não gosto de amizades da onça. De gente que fica próximo não para apoiar, mas para ter as duas mãos perto do tapete.

Gosto de quem dá a cara. De quem assume e vai à luta. De quem nunca desiste. Gosto de resiliência, coerência e integridade. Gosto de quem que não desvia o rumo só porque o rumo é difícil e sinuoso. Gosto de gente inteligente e sensível. De gente que ousa. Que pensa o que faz e que faz o que pensa.

Não gosto de quem se esconde atrás dos erros dos outros para camuflar os seus. Não gosto de quem aponta o dedo a terceiros, esquecendo que tem quatro apontados para si. Não gosto de sonsice. De politiquice a mais. De sorrisos cínicos, que destilam veneno e que irradiam má energia.

Gosto de simplicidade. De humildade. De quem suja as mãos na terra. Prefiro o insulto em português do que palavras de burguês. Gosto de gente educada. Gosto de gestos nobres. De atitudes exemplares. De momentos inesquecíveis. De pessoas comprometidas.

Não gosto de memória seletiva. De parcialidade. De palmadinhas nas costas e mudanças bruscas. De desvios inesperados. De vou não vou, fico, nao fico, faço não faço. Não gosto de mentira, de aldrabice, de chico-espertice. Não gosto de encosto. De quem se acomoda, de quem pedincha, de quem choraminga.

Gosto de atitude a sério. De grandeza de caráter. De frontalidade. Gosto de gente assertiva. De gente empenhada e solidária. De gente altruísta e bondosa. De gente com moral, ideais e convicções.

Não gosto de meios nem metades. Não gosto de intermitências nem adiamentos. Não gosto de ditos por não ditos. Não gosto de comportamentos cinzentos e de atitudes questionáveis. Não gosto de ganância nem gula. De ambição desmedida. De mentiras e mentirinhas.

Há muita coisa que gosto e não gosto, mas se eu pudesse escolher… o que gostava mesmo é que o futebol fosse, cada vez mais, um exemplo a seguir, um modelo de conduta para os mais novos. Uma escola de valores.

Gostava que o futebol fosse mais valioso do que é e que tivesse cheio de gente boa, bem-intencionada, cujo único objetivo fosse servi-lo lealmente. Não servir-se dele.

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