Há nevoeiros, bandeirolas, camisolas, golos de calcanhar e, claro, os cartões amarelos
Caro leitor, prepare o seu bloco de notas e, se entender relevante, esteja atento.
Vamos falar de futebol. Ou melhor, vamos falar de algumas coisas interessantes que podem acontecer num jogo de futebol.
Seguem-se então algumas dicas sobre leis de jogo. Sobre leis de jogo e sobre (eventuais) decisões que os árbitros tomem em campo e que o caro leitor – seguramente adepto de bom futebol -, poderá não entender ou até nunca ter ouvido falar.
O risco que todos enfrentamos quando desconhecemos o que mais nos apaixona é o de podermos cair no erro da falsa perceção. É o sermos levados a tomar atitudes questionáveis, julgamentos precipitados ou críticas infundas.
A ideia deste artigo é contribuir, dentro do possível, para que isso aconteça cada vez menos. Nestas coisas da bola – onde a razão envergonhada tantas vezes é vencida pela emoção exacerbada – todo o saber consciente é importante. Todo o cuidado é pouco.
Como o espaço é curto e o seu tempo precioso, passemos das palavras aos atos.
De seguida, ficam alguns “pormenores” engraçados sobre regras, leis e decisões. Porque há mais, tanto mais para dizer, fica o compromisso de voltar a este tema quando a oportunidade assim o sugerir.
Vamos a isso, então.
1 – Sabia que um jogador que celebre um golo e que depois veja cartão amarelo por despir a camisola… mantém o cartão, mesmo que o golo seja anulado? E sabia que nem é preciso despir a camisola na totalidade para ser advertido pelo árbitro? Basta que, por exemplo, a use para cobrir totalmente a cabeça?
2 – Sabia que um árbitro pode exibir cartões (amarelo e/ou vermelho) durante o intervalo ou após o final de um jogo, se o fizer ainda dentro do terreno? Caso exista uma conduta que, na sua opinião, o justifique?
3 – Sabia que um jogador pode executar um pontapé de penálti de calcanhar, virado de costas para a baliza do seu adversário? Para que a opção (arrojada) seja legal, a única exigência é que a bola seja pontapeada (e se mova)… para a frente.
4 – Sabia que, quando está nevoeiro cerrado, o “expediente” que os árbitros costumam utilizar (para saber se podem ou não iniciar/reiniciar um jogo) é colocarem-se junto a uma baliza… para ver se conseguem ver a outra?
5 – Sabia que o sorteio inicial tem que ser feito com a presença dos dois capitães de equipa e, obrigatoriamente, através de moeda ao ar? E que não há outra forma legal de o fazer, ainda que tão ou mais eficaz que essa?
6 – Sabia que um jogador pode executar um lançamento lateral para a cabeça de um colega e este atrasá-la diretamente para o seu guarda-redes, que depois a pode agarrar com as mãos? E sabia que um jogador de campo pode fazer exatamente o mesmo (passar a bola para a cabeça de um companheiro, com o mesmo objetivo), sem que isso também colida com a lei?
7 – Sabia que, ainda num lançamento lateral, nenhum adversário pode estar a menos de dois metros da linha que corresponde ao local onde esse recomeço é efetuado? E sabia que o seu executante pode fazer tabelar a bola no corpo de um jogador adversário (para poder seguir a jogar), desde que o faça de maneira que o árbitro entenda ser desportiva/normal?
8. Sabia que uma partida pode começar com apenas sete jogadores (numa ou nas duas equipas), desde que um deles seja obrigatoriamente o GR?
9 – Sabia que a chamada “meia-lua” (junto a cada área) só existe para assegurar que, num pontapé de penálti, todos os jogadores ficam à distância mínima de 9.15m da respetiva marca? E que o “círculo central” tem exatamente o mesmo objetivo (mas em relação ao posicionamento, também a 9.15m, dos jogadores de uma equipa quando a outra inicia/reinicia o jogo)?
10 – Sabia que as bandeirolas de canto têm altura mínima expressamente definida pela lei (1,5m), mas que aquela não estipula qualquer limite quanto à sua altura máxima? E que a única exigência aí é não ser pontiaguda?
Entre este e aquele “sabia que” há tanto, mas tanto mais por dizer. Há, seguramente, muitos outros pequenos-grandes detalhes que desconhece, quer nas regras, quer nas recomendações oficiais que existem para a sua aplicação prática.
Essa zona, ainda parcialmente cinzenta, faz parte deste encanto. Do encanto pela descoberta gradual de um universo que nos apaixona a todos e que nos leva aos extremos das reações.
O saber, de facto, não ocupa espaço e tem – nos dias de hoje e para as pessoas sensatas – uma enorme vantagem: ajuda a legitimar a crítica.
Quem não gosta de argumentar sabendo do que fala?